Espaço da Cidadania

Vídeos

Galerias

Notícias

Preconceito na justiça do Trabalho contra trabalho de cego?

25-06-2008 - Fonte: Espaço da Cidadania

- Clique para ampliar

Encontro em São Paulo mostra que a pessoa com deficiência visual pode trabalhar em teleatendimento e em inúmeras atividades da vida moderna, inclusive dar aulas em cursos de teleatendimento.

Há recursos tecnológicos e acúmulo de conhecimento que permitem que o deficiente visual trabalhe em teleatendimento. Essa foi a resposta dada à 11ª Turma do TRT-2ª Região pelos participantes do encontro “O mercado de trabalho e a pessoa com deficiência: os cegos trabalham sim. Por que não?”, realizado no último dia 25, na Secretaria de Estado de Direitos da Pessoa com Deficiência. O encontro foi promovido pela Secretaria e pelo Espaço da Cidadania, ação apoiada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região.

Ao julgar recurso contra multa apresentado por uma empresa de teleatendimento, em abril deste ano, a 11ª Turma disse que a empresa teria limitações para cumprir a Lei de Cotas “posto que ... a leitura das telas de computador, função essencial, não pode ser feita tampouco por portadores de deficiência sensorial visual, mesmo que dominem a leitura em Braille”.

A Secretária de Direitos da Pessoa com Deficiência, Drª Linamara Rizzo Battistela classificou como “um abuso” a decisão. “Não se pode admitir como falta de conhecimento esses erros e abusos que têm se tornado freqüentes”, afirmou.

Avaliações semelhantes foram apresentadas pelos deficientes visuais que estiveram no encontro. “Eu me sinto diretamente ofendido como cidadão brasileiro pelo equívoco [da decisão]. Nós não precisamos de piedade, precisamos de seriedade, de profissionalismo”, avaliou o Procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Tadeu Marques, que é deficiente visual. “Temos recursos técnicos. Todo mundo se adapta, agora o que não pode haver é uma pessoa dizer o que você pode ou não fazer. Isso é puro preconceito”, declarou.

Tecnologia e conhecimento - Hoje, existem diversos softwares e equipamentos que facilitam o trabalho de pessoas com deficiência, em especial, daquelas com deficiência visual, como softwares com leitores de tela que anulam a visão de que cegos não podem ler o monitor de computador, segundo os participantes do encontro.

O instrutor do Senai-Itu Gelson Inácio dos Santos, demonstrou que um deficiente visual como ele pode criar sites e navegar pela Internet utilizando programas como o Virtual Vision. Gelson ensina outros deficientes visuais que freqüentam o Senai a operarem computadores.

O engenheiro Guilherme de Azambuja Lira, diretor da empresa Acessibilidade Brasil, apresentou diversas soluções tecnológicas que garantem às pessoas com deficiência visual possibilidades de trabalho semelhantes àquelas que enxergam, como leitores de tela, mesa tátil, teclado em Braille e, a mais nova novidade que deve chegar em breve ao mercado, um leitor de livros.

Há ainda muitos outros recursos a serviço da pessoa com deficiência visual e das empresas dispostas em investir nesses profissionais (leia abaixo). É preciso disposição, se propor a conhecer essas saídas. “A maior dificuldade não é a tecnologia em si, são as pessoas, o desconhecimentos das pessoas”, afirmou a psicóloga, Priscila Branca Neves, do Programa de Acessibilidade do Serasa. “O papel da empresa quando contrata é desenvolver e qualificar seu colaborador”, lembrou.

Priscila foi uma das várias pessoas com deficiência visual presentes no Encontro, que também contou com a presença do Relações Institucionais da Associação Laramara, Antonio Carlos Barqueiro; do gerente executivo da Rádio Globo, Marcus Aurélio de Carvalho; do analista de sistemas da Prodam, Lothar Bazanella; da Procuradoria do INSS, Daniel Monteiro (foto ao lado); do Internet Banking Bradesco, Viviane Silva e um dos coordenadores da Secretaria, Naziberto Lopes, que também esteve à frente do planejamento geral do evento. Ao todo, 250 pessoas participaram do encontro.

Recursos tecnológicos para pessoas com deficiência visual

- O primeiro software 100% com leitor de tela (além de mais de 60 outros programas) foi o DOSvox, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre 1992 e 1993. É gratuito, foi atualizado para o ambiente Windows e tem uma enorme quantidade de usuários, em todo o Brasil. Uma de suas primeiras aplicações práticas foi justamente permitir que cegos trabalhem com teleatendimento, desde essa época - ou seja, há mais de 15 anos.

- Anos depois, uma empresa de São Caetano do Sul (SP), a MicroPower, desenvolveu o Virtual Vision, outro software genuinamente brasileiro, que está em sua sexta versão. Possibilita a mais de 15 mil usuários trabalhar (e não apenas no telemarketing, mas em qualquer função) e usar a Internet para se comunicar, estudar. Esse software é distribuído pelos bancos Bradesco e pelo Banco Real.

- Desde 1996 a Escola Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), instalada em Itu, no interior de São Paulo, aplica o método da educação inclusiva na capacitação profissional. O curso de teleatendimento (telemarketing) é oferecido desde 1999. Um dos instrutores é deficiente visual.

Informações:

Para consultar o Recurso Ordinário nº 03506.2006.081.02.00-8, acesse www.trt02.gov.br

Para conhecer o Acordão que desconhece que cego pode trabalhar em teleatendimento, acesse www.trt02.gov.br , e o localize pelo nº 20080053100

O próximo encontro será na Superintedência Regional do trabalho e Emprego do Estado de São Paulo (SRTE/SP) no dia 24/07/2008 das 9:00h às 12:00 horas.

Mais informações pelo e-mail:

ecidadania@ecidadania.org.br ou pelo telefone: 3685-0915.

Carlos Aparício Clemente

Veja mais fotos:

 - Clique para ampliar

< Voltar

Busca

  Conheça nossas
    Publicações

Pessoas com Deficiência no Trabalho Formal Porque Não?

Cartilha Conviva com a Diferênça

Espaço da Cidadania - Rua Erasmo Braga, 307, 3.o andar, Presidente Altino, Osasco, SP - CEP: 06213-008
Tel.: (11) 3685-0915 - e-mail: ecidadania@ecidadania.org.br